Sé de Lisboa
Construída no reinado de D. Afonso Henriques, após a tomada de Lisboa aos mouros, a Sé de Lisboa terá começado a ser edificada em 1147, sendo por isso considerada a igreja mais antiga da atual capital portuguesa. A reorganização da Diocese de Lisboa começou logo a seguir à conquista da cidade pelo primeiro rei de Portugal e pelos cavaleiros da Segunda Cruzada. Foi então nomeado um cruzado inglês, Gilberto de Hastings, para Bispo e iniciou-se a construção desta Catedral, no local onde se encontrava a antiga mesquita, tendo as obras terminado nas primeiras décadas do século XIII. O edifício original, em estilo românico, de planta em cruz latina, com três naves, trifório sobre as naves laterais, transepto saliente e cabeceira tripartida, foi projetado pelo Mestre Roberto e apresenta muitas semelhanças com o da Sé Velha de Coimbra, construída alguns anos antes. Mas sofreu muitas intervenções ao longo dos séculos: umas devido às necessidades e modas de cada época, outras devido aos incontáveis cataclismos que foram assolando Lisboa. O claustro gótico, por exemplo, foi iniciado no reinado de D. Dinis (entre 1261 e 1325), tendo a particularidade de ser o único instalado nas traseiras do edifício. A cabeceira com deambulatório foi mandada construir por D. Afonso IV (entre 1325 e 1357), para receber os peregrinos que vinham venerar as relíquias de São Vicente e criar o seu panteão, e constitui o único deambulatório catedralício gótico nacional, tendo as suas obras terminado já durante o reinado de D. João I (entre 1357 e 1433). Dois séculos mais tarde, em 1649, foi acrescentada uma nova sacristia, de estilo maneirista.
Com o grande terremoto de Lisboa, em 1755, parte do edifício ficou destruída. A capela-mor gótica, a capela do Santíssimo, a cobertura da nave, a torre sul da fachada e a torre-lanterna ruíram. Entre 1761 e 1785, foi reconstruída a Capela do Santíssimo. A torre sul, a cobertura da nave e a nova capela-mor, foram realizadas entre 1769 e 1771, pelo arquiteto Reinaldo dos Santos. Nos princípios do século XX, a Sé de Lisboa foi ainda objeto de restauros revivalistas, que retiraram vários acrescentos do período barroco. Augusto Fuschini e António do Couto Abreu planearam então um templo baseado nas estruturas medievais existentes. Fuschini reconstruiu abóbadas, restaurou e abriu janelas e coroou de ameias o edifício. Com António do Couto Abreu, foi reconstruída a abóbada da nave central, a fachada foi restaurada e refeita a rosácea, além de outras alterações que deram ao edifício a aparência neorromânica que tem hoje. Classificada como Monumento Nacional desde 1910, foi reinaugurada, com pompa e circunstância, em 1940, em pleno Estado Novo. Sete anos mais tarde, celebravam-se aqui o oitavo centenário da conquista de Lisboa aos Mouros e o terceiro centenário da Independência Atualmente, é um dos ex-libris da cidade e um dos mais significativos monumentos do país: um lugar de enorme valor histórico, arquitetónico, religioso e espiritual que vale a pena conhecer melhor, um lugar onde a Fé e a História se unem.